Padre Geraldo Trindade Furlaneto - Pároco de Três Fronteiras
No mês de outubro de 1717, portanto a 307 anos atrás, foi basicamente pescada nas águas barrentas do Rio Paraíba, uma pequena imagem de Nossa Senhora da Conceição. Este fato, onde participaram três pescadores, tornou-se muito comentado na época e também se tornado um objeto de devoção, quando ao rezarem diante daquela imagem, muitos sinais milagrosos começaram a acontecer.
Com esses sinais realizados através daquela pequena imagem, cujo nome que foi dado era “Nossa Senhora Aparecida”, justamente por ter apenas aparecido a eles, e foi conservada durante muitos anos na casa de um dos pescadores. O fato é que muitos peregrinos começaram a ir até lá, vindos de todos os recantos do País. A devoção cresceu tão forte que em 1917, ano em que completou 200 anos de aparição, aquela pequena imagem foi coroada solenemente e, em 1930, foi declarada Padroeira do Brasil.
Depois disso, o Santuário a ela dedicado em Aparecida nunca mais cessou de receber peregrinos não só do Brasil, mas do mundo inteiro, que vem constantemente rezar e pedir a querida Mãe de Deus a sua intercessão diante das doenças e dificuldades em suas vidas. E por sinal divino, nunca saíram desapontadas.
Esses sinais que acontecem, por intercessão de Nossa Senhora Aparecida, levaram muitos estudiosos a refletir sobre o papel de Maria na vida do povo e da Igreja. Maria recebeu de Deus a plenitude da graça, que foi revelada no dia da anunciação pelo anjo Gabriel (Lc 1,28). A mesma Maria, reconhecendo sua pequenez anuncia: “Todas as gerações me chamarão de bem-aventurada” (Lc 1,48). Durante toda a sua vida, até a última provação, quando Jesus seu filho morre na cruz diante dela, sua fé não vacilou. Maria sempre acreditou no cumprimento das promessas de Deus e por isso a Igreja sempre lhe prestou um culto de veneração. Nós amamos o Filho de Maria, Jesus Cristo, portanto, devemos amar também a sua mãe, sua fiel discípula, a primeira que acreditou, dando seu “sim”, quando o anjo lhe anunciou que ela seria a mãe do Salvador.
É por isso que a devoção à Virgem Maria faz parte do culto cristão católico. Porém, esse culto que oferecemos a Maria difere essencialmente do culto que se presta à Santíssima Trindade. Ao Deus uno e Trino nós adoramos, enquanto a Maria nós veneramos. Isso é preciso sempre ser repetido para que não haja dúvidas no coração do povo católico e nem para outras denominações cristãs.
Maria é conhecida com vários títulos, entre eles Nossa Senhora das Graças, de Lourdes, de Fátima, de Guadalupe, de Aparecida, mas é sempre a mesma Maria de Nazaré, mãe de Jesus, toda de Deus e toda do povo. Por isso esse carinho do povo em homenagear Maria com vários títulos, pois ela faz parte da vida do povo cristão católico.
Foi Jesus que, morrendo na cruz, entregou sua mãe à Igreja na pessoa do discípulo João que, junto com Maria, estava aos pés da cruz e disse: “Eis aí tua mãe”, depois disse a Maria: “Eis aí teu filho” (Jo 19,27). E desde aquele dia o discípulo a levou para sua casa. A casa do discípulo, nós sabemos, é a comunidade, a Igreja. Maria é, portanto, presença materna na comunidade dos que acreditam em Jesus.
O culto que prestamos a Maria não nos afasta de Jesus, pelo contrário, nos une ainda mais a Cristo pois chama toda a humanidade para adorar o seu Filho: “Fazei tudo o que Ele vos disser” (Jo 2,5). Eis o que nos ensina Maria; é sua última palavra na Bíblia, é seu testamento. Toda a vida de Maria depois disso foi um eterno entregar-se a Deus e sendo um testemunho silencioso de amor a Deus e intercessão por toda a humanidade.
O culto à Maria, portanto, além de totalmente alicerçado na Palavra de Deus, nunca foi e nunca será uma idolatria, como é afirmado, mas a devoção a Maria nos leva a Jesus, à
comunhão com Ele. Jesus é a meta de toda devoção Mariana. A alegria de Maria é que aceitemos e sigamos Jesus, assim como ela sempre o fez até o caminho do calvário.
Maria não é o centro da fé, o centro é Jesus. Porém, Maria faz parte do centro da fé porque faz parte, de forma única, da vida de Jesus. Mãe e Filho estão ligados no plano de Deus e não podem ser separados; não se pode reconhecer o Filho e não reconhecer a Mãe. Aceitemos a vontade de Deus, aceitemos o presente que Ele nos dá: MARIA.
Estamos na semana que antecede o dia de Nossa Senhora Aparecida. Inúmeras paróquias e comunidades a tem como padroeira. Vamos todos nos unir em oração, pedindo sua intercessão para que tenhamos mais união, paz e amor entre nós. Que Nossa Senhora Aparecida ilumine os governantes do mundo para que cessem as guerras. A paróquia de Três Fronteiras, que também a tem como padroeira, também convida a todos para participar das missas e também dos momentos festivos.
Nossa Senhora Aparecida: rogai por nós.
Padre Geraldo Trindade Furlaneto
Pároco de Três Fronteiras