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A CRISE HUMANITÁRIA DOS YANOMAMIS: UM GRITO POR SOCORRO

“Indígenas perderam as forças causada pela desnutrição. Sem forças, não tem como caçar, coletar e pescar o que comer, tampouco fazer as roças para retirar seus alimentos”. Davi KopenawaYanomami


por Canal Dez
08/02/2024 às 18:28 Jales
A CRISE HUMANITÁRIA DOS YANOMAMIS: UM GRITO POR SOCORRO

Pe. Eduardo Lima, Coordenador Diocesano de Pastoral e Presidente da Univida

Quem são os Yanomamis? Os Yanomami são um dos maiores povos indígenas relativamente isolados da América do Sul. Eles vivem nas florestas e montanhas do norte da Floresta Amazônica. Hoje, sua população total é de cerca de 31.000 indígenas.

No coração da Amazônia, uma tragédia humanitária silenciosa assola o povo Yanomami. Desde 2023, e agora, no início de 2024, testemunhamos uma escalada alarmante de problemas que ameaçam a sobrevivência e a dignidade desse povo indígena ancestral. A crise é multifacetada, mas suas raízes estão entrelaçadas em uma teia de exploração, negligência e desrespeito pelos direitos humanos fundamentais. A afirmação de que vivemos em um Estado de Direito é repetida a todo o momento. O Estado brasileiro demarcou a área onde vivem os yanomamis. A conclusão é lógica: quem adentra a terra sem autorização está cometendo um crime. Essa é a questão principal. Aprofundar as discussões e as narrativas a respeito do tema podem ser manipuladas de forma regressiva, favorecendo novas ocupações e conflitos violentos.

O garimpo ilegal surge como uma das principais causas dessa crise. A invasão indiscriminada de garimpeiros em territórios Yanomami não só destrói o meio ambiente, mas também traz consigo um rastro de desolação humana. O mercúrio utilizado na extração de ouro contamina rios e alimentos, levando à intoxicação e morte de crianças Yanomami, além de doenças graves e irreversíveis. Um ano após ser decretada a emergência sanitária no território Yanomami, os indígenas ainda enfrentam um quadro de desnutrição grave. A desnutrição é outra consequência devastadora, exacerbada pela degradação do ambiente natural e pela interrupção das práticas tradicionais de subsistência. A questão em discussão é manter o foco: os yanomamis têm direito de viver em terra demarcada, os garimpeiros, não.

A perda da cultura e da identidade Yanomami é uma ferida profunda causada por décadas de negligência e descaso do poder público. A falta de políticas eficazes de proteção territorial e de garantias de acesso a serviços básicos de saúde e educação contribui para o enfraquecimento dessa rica e vibrante comunidade, privando as gerações futuras de seu patrimônio cultural e conhecimento ancestral.

É imperativo que as autoridades governamentais ajam com urgência para proteger os direitos dos Yanomamis. Isso inclui o fortalecimento das instituições responsáveis pela fiscalização e proteção dos territórios indígenas, bem como o apoio à implementação de programas de saúde e educação culturalmente sensíveis. Além disso, a sociedade civil tem um papel fundamental a desempenhar, mobilizando-se para amplificar as vozes dos Yanomamis e pressionar por medidas concretas que abordem as causas subjacentes dessa crise humanitária.

Um Chamado à Ação Coletiva: a crise humanitária dos Yanomamis não é apenas uma questão localizada na Amazônia, mas uma chamada de alerta global para a urgência de proteger e respeitar os direitos dos povos indígenas em todo o mundo. À medida que testemunhamos a destruição contínua do meio ambiente e a perda irreparável de culturas ancestrais, é imperativo que nos unamos em solidariedade e ação, defendendo os direitos humanos e ambientais de todos os povos, incluindo os Yanomamis.

A hora de agir é agora. O mundo está de olhos postos na Amazônia, e a história nos julgará pelo que fizermos - ou não fizermos - para proteger aqueles que são os guardiões da floresta e os tesouros vivos da humanidade. Que este momento de crise seja um catalisador para a mudança positiva e para o reconhecimento da dignidade e dos direitos inalienáveis do povo Yanomami.

Jales, 8 de fevereiro de 2024.