Cultura

Um povoado símbolo da igualdade revolucionária no sertão brasileiro

Em “Verde, amarelo e outras cores”, Antonio Carlos Brandão narra a história de uma região utópica que lutou pelo respeito à diversidade apesar das ameaças do governo e de latifundiários


por Canal Dez
24/02/2025 às 19:22
Um povoado símbolo da igualdade revolucionária no sertão brasileiro

Nova Ilusão já não existe mais. Porém, as memórias do povoado que batalhoupara seguir os princípios de igualdade, liberdade e fraternidade da Revolução Francesasão ecoados por Frei Barbudo no livro Verde, amarelo e outras cores.Último sobrevivente da região que mostrou ao Brasil a possibilidade de uma vidajusta a todos, o personagem transmite reflexões profundas sobre os impactos docolonialismo e a importância de buscar um mundo pacífico.

 

Escrita por Antonio Carlos Brandão, a obra narra as trajetórias dediferentes pessoas que encontraram um lar na cidade utópica. Além do própriofundador, o francês Broussard, muitas outras figuras transformam o destino de NovaIlusão. Há Feliciano Firmino, um gênio que desde jovem se aproxima deconhecimentos filosóficos; Tião Ekundayo, um africano que fugiu da escravidão ecompartilha conhecimentos sobre espiritualidade; Maria do Rosário, uma ex-prostitutae professora responsável por fundar uma escola; e o próprio Frei Barbudo, ex-presidiáriocujas missas não ortodoxas misturavam ciência e religião.

 

Nessa época, eu frequentava a cadeiacomo morador eventual. Entretanto, eu nunca consegui roubar algo que me desse aemancipação da pobreza. Esses grandes roubos são para aqueles que já são ricos:empresários, políticos, latifundiários, membros do clero... Melhor parar poraqui antes de ofender a quem esqueci. (Verde, amarelo e outras cores, p. 6)

 

A cidade mantinha uma certa paz até a chegada de um circo, que acaboucom o isolamento dos moradores. Os princípios de um lugar que podia ser igualitário,independente de marcadores de raça, gênero e classe social, foram propagados pelopaís. Isso provocou uma reação na elite dominante – principalmente nosgovernantes e nos latifundiários - que começaram uma luta contra aindependência da região. Anos mais tarde, a cidade foi integrada ao Estado,culminando no fim de um sonho.

 

Com elementos do realismo fantástico, Verde, amarelo e outrascores reflete sobre o papel de ideais revolucionárias no combate àsdesigualdades e propõe um olhar filosófico para a existência humana. Por meio deconceitos de Spinoza, o autor retrata um Deus que é a própria natureza etranscende o antropomorfismo, como também pondera sobre a transitoriedade dotempo e a inevitabilidade das mudanças.

 

Além de valorizar a igualdadee pensar um mundo onde a utopia pode existir, mesmo que somente por algunsanos, a obra traz uma perspectiva múltipla para os mais antigos dilemas dahumanidade. Ao unir filosofia, ciência e religião, o livro apresenta ao públicoas leis de Newton, a matemática de Pitágoras, a literatura de Voltaire e o conhecimentocrítico de Sócrates. O escritor explica: “procuro mostrar que conceitos tão valorizados pelasociedade como um todo poderiam ser evitados se os homens vivessem em comunhãocom a natureza”.

 

FICHATÉCNICA

Título: Verde, amarelo e outras cores

Autor: Antonio Carlos Brandão

Editora: Labrador

ISBN: 978-6556257815
Páginas: 176

Preço: R$ 57 (físico) | R$ 39,90 (e-book)

Onde comprar: Amazon

 

Sobre o autor: Médico com mais de 40 anos de experiência, doutor em Ciências da Saúde eprofessor da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (FAMERP), AntonioCarlos Brandão publicou vários trabalhos na área científica. Em paralelo àcarreira na saúde, também é escritor de literatura fantástica. Lançou oprimeiro livro de ficção em 2015, “Murmúrio das Plantas”, que recebeu homenagemna Câmara Municipal de São José do Rio Preto. Agora, publica Verde,amarelo e outras cores, inspirado no realismo fantástico e na filosofia.

 

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