Geovanny dos Reis Sinigalia Secretário Diocesano de Pastoral
As eleições de 2024 chegaram ao fim com a escolha dos representantes que conduzirão nossos municípios pelos próximos quatro anos. Segundo a Agência Senado, no primeiro turno, cerca de 122 milhões de eleitores votaram para escolher representantes municipais. No segundo turno, houve 29,26% de abstenção entre os 34 milhões de eleitores esperados, concluindo o processo eleitoral em todo o Brasil. A partir de agora, os candidatos eleitos tornam-se agentes do poder público e a população deverá continuar a exercer a cidadania e defender a democracia.
A Constituição Federal estabelece que “todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente”. Isso aponta que a soberania popular vai além de um domingo nas urnas. Dessa forma, não pode haver uma democracia genuína sem a cidadania plena, que implica a garantia dos direitos civis, políticos e sociais, além da promoção do bem-estar social.
A cidadania inicia-se nos municípios, onde a participação da população é fundamental para fortalecer a democracia em todo o país, tendo como compromisso a reivindicação de seus direitos e políticas públicas que respeitem a vida integralmente. Nesse sentido, a educação é essencial para a formação crítica e consciente dos cidadãos, sendo um direito de todos e dever do Estado, da família e da sociedade, conforme o artigo 205 da Constituição. Assim, a educação torna-se instrumento de emancipação e um pilar para uma sociedade construída por todos.
Essa responsabilidade cidadã encontra iluminação no profeta Ezequiel, chamado por Deus para ser sentinela da casa de Israel (cf. Ez 3,17), com a missão de alertar o povo e indicar o caminho da justiça. Nos dias atuais, todas as pessoas são convidadas a assumir a missão de sentinelas do poder público, principalmente nos municípios, para que a dignidade humana esteja no centro de todas as ações políticas.
O profeta Ezequiel também assegura que Deus está com seu povo, mesmo em tempos difíceis (cf. Ez 36,29-30), como sinal de esperança e libertação. Essa esperança se torna uma chama que nos impulsiona a sermos agentes da transformação em nossos municípios.
A luta por uma sociedade mais justa e igualitária vai além da garantia de necessidades básicas. A canção “Comida”, da banda Titãs, aponta que “a gente não quer só comida, a gente quer a vida como a vida quer”. Esse trecho sublinha que as pessoas buscam mais do que as necessidades do corpo; desejam viver com dignidade e oportunidades de trabalho, crescimento e realização pessoal. Assim, não basta sobreviver, mas ter uma vida cheia de paz, justiça, amor, dignidade e felicidade, ou seja, vida em plenitude (Cf. Jo 10,10).
Portanto, para alcançar a transformação social por meio da cidadania, cada pessoa deve assumir sua missão com coragem e determinação. O diálogo, a busca por informações, a participação em conselhos de direitos, planos diretores, orçamento público e o cuidado com a casa comum são necessários para que essa transformação aconteça. Caminhemos juntos, com alegria e esperança, na construção de uma sociedade que floresça o amor de Deus.
Geovanny dos Reis Sinigalia
Secretário Diocesano de Pastoral