A cultura popular conta que a primeira destruição do mundo foi pela água, fazendo referência ao dilúvio que está no livro do Gênesis, a segunda será pelo fogo, tendo como referência o capítulo 3 da segunda carta de Pedro. Esta segunda parte do ditado popular, já pode estar acontecendo. Talvez não de maneira como está descrito na carta de Pedro, com o céu destruído pelo fogo e o universo derretido, mas sim pela contínua intervenção desordenada do homem em relação ao meio ambiente.

No último dia 18 de setembro, a ONU (Organização das Nações Unidas) soltou um alerta vermelho dizendo que, se os países não cumprirem as metas de combate às mudanças climáticas acordadas nas últimas convenções, é possível prever que a temperatura média do planeta poderá aumentar 3ºC até o fim do século. 

É importante frisar que este tipo de alerta nos faz lembrar que todos somos afetados. As catástrofes naturais, serão cada vez mais frequentes e mais fortes. A região noroeste de São Paulo, a cada ano que passa, sofre estiagens mais fortes e prolongadas. Isso pode ser explicado pela diminuição da força dos rios voadores que trazem a chuva para esta região.

Os rios voadores são grandes quantidade de vapor de água vindos do oceano Atlântico, despejando chuva na região da floresta Amazônica, ganhando mais volume e se encaminhando rumo a grande muralha rochosa existente nos Andes, que desvia todo este vapor de água para as regiões da Bolívia, Paraguai e os estados brasileiros do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais e São Paulo e as vezes, são empurrados para o Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Mas o que tem haver os rios voadores com o aumento da média da temperatura da terra? Acontece que quando se trata de um organismo vivo e complexo como o da terra, tudo está interligado. O aumento desta temperatura advém de situações que poderiam ser evitadas como, o desmatamento excessivo e desordenado causados por ocupações de terras na região Amazônica, que consequentemente fará com que estes rios voadores tenham menos volume de vapor e não alcançando os estados já citados, esta diminuição contribui para que as massas de ar quente ganhem mais força, podendo ocasionar mais queimadas, e aqui nem precisa falar das queimadas provocadas pelo próprio homem.

Se esta situação se intensificar cada vez mais, a região noroeste de São Paulo tem uma tendência de se transformar em um deserto. Claro que isso pode ser evitado com políticas que possam integrar sustentabilidade com crescimento econômico, não apenas nestas regiões, como fala o alerta da ONU, é necessário que isso aconteça em nível global. Parece uma utopia, mas se a sociedade for educada para uma ecologia integral, esta mesma sociedade terá uma capacidade de escolha que levará os governantes e as grandes corporações direcionarem seus esforços para o cumprimento dos acordos firmados nas últimas convenções globais sobre o clima, em especial a que foi assinada em Paris no ano de 2015. 

Joilson Domingos Cabreira André

Fernandópolis – SP - 23/09/2024