Desde que os meios de comunicação fizeram que as informações e mensagens fossem instantâneas, ao menos em grande parte do Brasil, foram deixadas de lado o envio de cartas entre as pessoas. Aqui não se fala de encomendas ou cartas oficiais e sim aquelas descritas a próprio punho, cheias de sentimentos felicitações ou informações sérias de problemas ou percas. Pode ser que alguém ainda tenha alguma guardada em uma gaveta ou uma caixa e que toda vez que a pega em mãos solta suspiros por saber que ali existe alguém importante em cada letra ou rabisco.
É assim que hoje pode-se visitar novamente a Encíclica do Papa Francisco, Laudato si. Esta é uma carta escrita para você. É uma carta de um pai preocupado com o seu futuro e com o futuro de seus filhos. Um pai que é próximo, companheiro, amigo e que não deixa de expressar a dura realidade que muitas vezes aparenta estar distante, mas que de fato não é assim.
É verdade que uma Encíclica tem em si a voz de muitos e nesta, mais precisamente, estão a dos pobres, dos povos originais, dos jovens e da natureza. Estas são as vozes dos que mais estão sofrendo com as alterações do clima que persiste a cada dia que passa.
Ir ao encontro desta carta, poderá trazer o sentimento de pertença à uma única família que está perdendo sua casa, mas infelizmente não tem outra para se aconchegar. Quando acontece uma catástrofe, seja natural, seja por intervenção humana, existe um deslocamento humano a procura de sobrevivência, mas quando se fala de nossa casa comum é bem diferente, pois ir para onde?
Por causa da persistência das alterações climáticas para parâmetros cada vez piores que a de antes, em 2023 o Papa Francisco, o mesmo pai que escreveu a carta para você, escreve em uma Exortação Apostólica de nome Laudate Deum (Louvai a Deus), de maneira mais direta que “um ser humano que pretenda tomar o lugar de Deus torna-se o pior perigo para si mesmo”.
Se faz urgente observar a corresponsabilidade com a casa comum, com a grande família humana e quando se fala de humanidade, se fala do que se tem de mais pertencente uns aos outros e principalmente com a natureza, com a terra. É necessário perceber o quanto esta humanidade pertence a natureza, pertence a terra, pertence a criação.
Portanto, este é um convite de ir em busca desta carta, reler, sentir, buscar novamente a chama que envolve o sentido da corresponsabilidade com a criação e perceber que o homem só pode ser imagem e semelhança de Deus quando está intimamente inserido no projeto da criação. Vai lá, tire da gaveta, procure a caixa esquecida e guardada a anos, ou entre no site do vaticano e leia esta carta direcionada para você. Este é um chamado, uma vocação permanente na vida de todo homem de fé. A decisão, a resposta é sua e nossa casa comum agradece.
Joilson Domingos Cabreira André