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Febre Maculosa

A febre maculosa se trata de uma doença infecciosa aguda


por Canal Dez
31/05/2024 às 08:54 Fernandópolis
Febre Maculosa

@geas.universidadebrasil

O QUE É?
A febre maculosa se trata de uma doença infecciosaaguda, que afeta tanto os animais quanto o ser humano, é uma das principais zoonoses transmitidaspor carrapatos cuja sua primeira incidência foi no ano de 1909 nos Estados Unidos e os primeiros diagnósticos relatados no Brasil ocorrerem no ano de 1929. O aumento de casos da febre maculosa no mundo está associado a desequilíbrios ambientais, tais como desmatamento, mudanças climáticas e a fragmentação de ecossistemas, que acarretam na mudança de habitat dos carrapatos e seus hospedeiros.

 AGENTE ETIOLÓGICO
Bactéria
A Rickettsia rickettsii é um bacilo intracelular obrigatório que sobrevive por pouco tempo no ambiente, não é considerada uma bactéria de transmissão direta pois não passa de pessoa para pessoa, dentro da cadeia epidemiológica os humanos são hospedeiros acidentais.
Carrapato
O carrapato-estrela (Amblyomma cajannense) é um ectoparasita hematófago (se alimenta do sangue de outros seres), trioxeno (necessita de 3 hospedeiros para completar seu ciclo de vida de ovo a adulto). Este carrapato é um vetor da bactéria Rickettsiarickettsii, e quando infectado pela bactéria acaba transmitindo a doença pela saliva ao se alimentar do sangue de outros animais ou do ser humano.

Ciclo de vida do carrapato-estrela
Em seu terceiro hospedeiro ele acasala e a fêmea permanece por 10 dias consumindo o sangue do hospedeiro, para adquirir proteínas e formar seus ovos;
Quando deixa o hospedeiro a fêmea faz a postura de até 8 mil ovos em 25 dias, e morre;
Dependendo da temperatura (no calor eclodem mais rápido) esses ovos começam a eclodir entre 30 a 80 dias após a postura;
Dando origem as larvas hematófagas, também conhecidas como micuins, que ficam à espera de um hospedeiro (conseguem sobreviver até 6 meses sem hospedeiro), quando se alojam em um hospedeiro consomem sangue por 5 dias e após alimentadas retornam ao chão;
Permanecem no chão por um mês até seu desenvolvimento para ninfa e aguardam por um novo hospedeiro (sobrevivem por um ano sem);
Repetem a sequência de se alimentar por 5 dias e retornam ao chão novamente levando um mês para seu desenvolvimento para fase adulta, e conseguem ficar por mais dois anos sem se alimentar, até achar outro hospedeiro, acasalar e reiniciar o ciclo.
O amblyomma canjannense consegue completar seu ciclo de vida em média, em um ano, as larvas são mais comuns nas pastagens nos meses de abril a julho, as ninfas de julho a outubro e as adultas de outubro a março.

 SINAIS CLÍNICOS 

Humanos:
Dor de cabeça intensa, febre, vômitos, náuseas, dor abdominal, diarreia, inchaço, dor muscular constante, gangrena nos dedos e orelhas, vermelhidão nas solas dos pés e nas palmas das mãos, paralisia dos membros que inicia nas pernas e acendendo aos até os pulmões causando parada respiratória
Todo caso classificado como suspeito de febre maculosa deve ser notificado ás autoridades locais de saúde, para que ocorra investigação epidemiológica e avaliação das necessidades de adoção de medidas de controle, pois se trata de uma doença de notificação obrigatória.

Animais:
Apenas os cães apresentam susceptibilidade à doença dentre os animais domésticos, de difícil detecção clínica e de forma benigna, porém em alguns casos o quadro pode se agravar levando a risco de morte, nesses casos apresentam letargia, inapetência, febre, dores no corpo, vômito, edemas, aumento de linfonodos, tosse, dificuldade respiratória, incoordenação motora.
 
DIAGNÓSTICO
Ele pode ser retardado ou dificultado quando há falta de sinais clínicos patognomônicos, o diagnóstico necessita de um hemograma completo e pesquisa sanguínea de anticorpos contra a Rickettsiarickettsii, exame de cultura de sangue (isolamento da bactéria, amostra é posta em meios apropriados para o crescimento bacteriano). Por meio de dados epidemiológicos e dos sintomas (em locais onde a doença ocorre com mais frequência) para instituir o tratamento não é esperado os resultados dos exames laboratoriais, pela forma mais grave da infecção ter risco de ser letal.
 
TRATAMENTO
O tratamento para combater a Rickettsia rickettsii, éfeito com antimicrobianos, como as tetraciclinas e o cloranfenicol (antibióticos de amplo aspecto). É necessário a administração pelo correto tempo prescrito do medicamento escolhido (em média varia de 10 a 14 dias). É preciso cuidados específicos também em caso de complicações, sobretudo que o funcionamento adequado dos órgãos afetados seja reestabelecido.
 
PREVENÇÃO
O cuidado com carrapatos e regiões onde estão inseridos é imprescindível na prevenção a febre maculosa, por isso é recomendado a utilização deroupas claras (visualização do carrapato), botas de cano alto e calças compridas quando necessário andar em meio a vegetações, mantendo a barra das calças no interior da bota ou meia. Manter o tratamento de ectoparasitas de animais domésticos em dia, examinar o corpo sempre que possível (recomendado a cada 3 horas, pois o carrapato necessita de ao menos 4 horas após estar inserido a pele para transmitir a doença), se for encontrado o ectoparasita na pele, devem ser retirados com cuidado (utilização de uma pinça) e não deve ser esmagado pelas unhas pois libera-se bactérias e podem adentrar o organismo pôr fim a área afetada deve ser higienizada (lavada com água e sabão)
 
RELACIONADO A ANIMAIS SILVESTRES
Amplas espécies silvestres albergam algum estágio do carrapato estrela, a capivara e a anta são consideravelmente acometidas em grande incidência pelo A. cajannense, as capivaras são reservatórios transitórios das bactérias, adquirindo resistência duradoura após o período parasitário do ectoparasita (alguns dias e poucas semanas). Após algumas gerações a concentração de bactérias o carrapato infectado vai desaparecendo, isso se caso os carrapatos não tiverem a possibilidade de infectarperiodicamente (nem todos os carrapatos que se alimentam de um hospedeiro parasitado se tornam infectados). As capivaras também podem ser acometidas por outras patologias zoonóticas (raiva, leptospirose, leishmaniose e tripanossomíase), assim como doenças fúngicas e enterobacterioses. Nas regiões de preservação ambiental, onde estejam presentes esses animais, as populações devem ser controladas ou isoladas pois o aumento da mesma pode acarretar exponencialmente no aumento da população do carrapato-estrela (Amblyomma cajannense) e por tanto aumentar as chances de infecções da febre maculosa.

GEAS - Grupo de Estudos de Animais Selvagens da Universidade Brasil Fernandopolis, composto por: Rayssa Vitoria Stuqui Branco(presidente), Raissa Oliveira da Silva (vice-presidente), Isabella Cecato Clemente (1° secretário), Maria Fernanda de Sene Urzedo (2° secretário), Isadora Bonfim De Carvalho (1° tesoureiro), Vitória Caren Santana Gatto (2º tesoureiro), Gabrielly Pigoretti dos Santos  (1° Relações Públicas), Giovana Borges Dias (2° Relações Públicas), pelos colaboradores Melissa Urzedo Silva, Ricardo da Silva Theodoro dos Santos e José Carlos Soares Junior (Professor e Coordenado responsável).